28/08/2012

Palavras de Amor

Foto: Extraída de http://www.tumblr.com/tagged/fotos-de-amor



Palavras de Amor

Lancemos palavras simples de amor
Alcançando mesmo quem nos quer mal,
Não guardemos malfadado rancor
Que corrói, como ácido em metal!

Palavras e atos, bem redentor
Consciente do juízo final,
Que vibra o espírito do amor
Em fusão com a mente Universal!

A vida é milagre da Natureza,
O amor é a mola bem real
Para uma existência de grandeza.

Espalhemos a palavra fulcral:
Amor – na entrega, dor e tristeza…
E a vida terá sabor especial!

Bragança, 28 de agosto de 2012
               Jorge Nuno



Obs.: Soneto feito em resposta ao Soneto de Cida Vasconcellos, intitulado "Palavras de Rancor", ambos publicados no blogue de Horizontes da Poesia. 

In "Horizontes da Poesia IV", Coletânea 2012, Ed. Joaquim Sustelo. ISBN: 978-989-95626-8-4

16/08/2012

Brincadeira Cósmica

    Foto Grand Universe, de Gary Tonge / Urantia Foundation


BRINCADEIRA CÓSMICA

Quero exercitar o domínio da ansiedade
Mas estou ansioso demais para o fazer,
Pois dou poder àquilo em que foco atenção.
Quero exercitar o domínio da paciência
Mas estou impaciente demais para o fazer,
Esquecendo que a paciência aceita-me como sou.
Quero acabar com o poder dominador da autoimagem
E tantas vezes me vejo dominado por ela,
Na luta incessante para ser eu mesmo.
Quero estar sempre do lado da verdade,
Mas como posso insistir na sua procura
Se é difícil saber onde está e o que ela é?
Procurei manifestações visíveis de coisas invisíveis
E, como numa espantosa brincadeira cósmica,
Foi-me dada a oportunidade de sair deste plano… e voltar!

Almada, 16 de agosto de 2012
                Jorge Nuno

15/08/2012

Embelezar o que é belo?

Foto de Jorge Nuno (2012), Riga, Letónia

EMBELEZAR O QUE É BELO?

Tantas vezes tenho pensado
Escrever um poema de amor
E tantas vezes tenho adiado!
Agora que tenho o ensejo,
E estou com todo o vigor…
Eu quebro e já não o desejo!
É que não vou querer
Nem banalizar a poesia
Nem muito menos o amor!
Há quem confunda este sentimento
Com cartões de rosas e corações,
Rituais em volta da beleza,
Promessas eternas e devoções,
Lutas de ingenuidade e esperteza,
O lacrimejante com o hormonal,
Num misto de dor e prazer,
Luas de mel e vidas de sal,
Vil apego e pura demência
No ato de seduzir e de submeter.
E nada disto capta a sua essência!
Escrito assim, parece um flagelo…
Só não quero embelezar o que é belo!

Almada, 15 de agosto de 2012
    Jorge Nuno

Cuidados dos Pensamentos Erráticos

Foto obtida em FotoSearch, Banco de Imagens - o arquivo mundial de fotografias

CUIDADOS DOS PENSAMENTOS ERRÁTICOS

Surgem do nada,
Sem os encomendar
Ou sem os esperar…
São pensamentos erráticos
Sem trela ou sem controlo,
Como fragrâncias trazidas pelo vento.
Uns, no seu movimento ondular,
Chegam e dissolvem-se,
Sem se propagar.
Outros, mais “aromáticos”,
Parecem permanecer em círculo,
A rodopiar insistentemente sobre mim
Como criança a pedir atenção
Ou a precisar de cuidados.
Parece algo que flui do Universo
Assemelhando-se a uma dádiva.
A estes, só me resta dar-lhe forma,
Refinar as ideias-chave
E transformá-lo em algo positivo!

Almada, 13 de agosto de 2012
Jorge Nuno

In "Palavras Nossas Vol. II", Coletânea de Novos Poetas Portugueses, 
Ed. Esfera do Caos (2012). ISBN: 978-989-680-078-9

A Efemeridade


Foto extraída de miguitarrablusera.blogspot.com


A EFEMERIDADE


O metrónomo oscila,

Ritmado, austero, inflexível…

Como inflexíveis parecemos caminhar

Num ciclo incessante de insatisfação,

Sem a noção da efemeridade.

No trajeto, vamos encontrando tabuletas

Que nos poderiam dar orientação…

Mas não ligamos aos sinais!

Caminhamos por estrada indevida

Ou simplesmente caminhamos, caminhamos…

E o metrónomo monótono

Continua implacável

Na medição do compasso…

E nós sem acertar o passo!

Há tempo que parece fugir

E há que enxergar a efemeridade!

Pois se o que é importante é efémero

É urgente ativar a bússola interior,

Elevar a mente e abdicar de apegos,

Seguir a verdade do coração,

Aproveitar a oportunidade de existir

E partilhar o milagre da vida.


© Jorge Nuno (2012)

Cultura dos Sentidos


CULTURA DOS SENTIDOS

Há quem cultive os sentidos
Feitos de prazeres externos.
Os sentidos não despertam
Pois são grãos adormecidos.

Mas sentidos cultivados
Em franca solidez interna,
Brotam da mente e germinam
Como cravos bem tratados.

Costa de Caparica, 25 de julho de 2012
                       Jorge Nuno