08/05/2012

Uma Questão de Números (Ou Talvez Não)

UMA QUESTÃO DE NÚMEROS (OU TALVEZ NÃO)

Pelas duas horas…
Começa levemente,
Como que ao longe surjam ténues sons,
Qual folhear de uma árvore, soprada por brisa suave,
Que origina uma intensidade de som próxima dos 35 dB (decibéis).

À noite, o som assume proporções diferentes,
Parece que amplia para o triplo.
Às três, já começa a agonia.
Iniciado de forma indolente,
O número de decibéis aumenta exponencialmente.

Às quatro, já só penso em fugir.
Mas espero.
Com a aparente apatia, típica dos portugueses,
Demoro algum tempo a reagir.
Entretanto deliro…
Com a fórmula ou equação logarítmica
Da intensidade sonora.

Às cinco, ecoa na minha cabeça
Como uma maldição
Ou rugir de motores de avião.
O som passa para 125 dB,
O batimento cardíaco, muito intenso,
Vai nas 140 pulsações/minuto
E a sistólica dispara para os 195 mmHg.

Às seis, como que em simultâneo,
Racha o teto e abrem fendas no meu crânio.
Já não aguento mais!
Instantaneamente, sinto-me levitar.
Já não aguento mais o ressonar!
Em transe, acelero aos 160 km/h
E… mudo de cama!

                             Almada, 8 de maio de 2012
                                          Jorge Nuno

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